quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O mesmo assunto de ontem

Três dias seguidos postando coisas? O que será que está acontecendo comigo? Sei não, mas vamos lá.
Gostaria de pedir desculpas, mais uma vez, por usar esse blog literário para um desabafo, mas hoje uma coisa me incomoda muito. Tenho recebido, seguidamente, e-mails que associam o PSDB ao escândalo do ENEM. Antes de mais nada, gostaria de deixar bem claro que não sou psdebista, mas, infelizmente, mais uma vez os petistas de plantão me assustam com as mudanças de discurso. Essas mesmas mudanças de discurso que durante tanto tempo eles repudiaram, assim como a mudança de postura de atacar.
Durante tanto tempo ouvi que era uma prática comum dos ditos de "direita" o jogo sujo e a modificação de foco, para que escândalos e acontecimentos graves fossem esquecidos. Hoje, assim como ontem, percebo que a coisa é bem diferente. Diante do escândalo que foi o ENEM do último final de semana, vejo que os ligados ideologicamente ao governo partiram para o mesmo expediente: lembram, agora, dos escândalos dos outros, como que buscando justificar seu erro e fugir das críticas.
Em momento algum, penso que escândalos, venham de onde vier, devam ser esquecidos, mas me impressiona perceber que, para tirar o foco de nosso ENEM "perfeito", estou recebendo uma enxurrada de e-mails falando que os de "direita" sempre foram contra o ENEM, assim como sempre foram contrários à popularização da educação.
Penso que devemos analisar os erros e pronto, sem buscarmos, no ataque aos outros, meios de fugir do que está errado. Erros como os acontecidos no último final de semana são graves em qualquer governo, independente de que esteja à frente dele. Acredito que devemos analisá-los e buscarmos não mais incorrermos neles. O que me assusta é ver, mais uma vez, muitos de nossos "governistas" utilizarem-se de lembranças do passado e de ataques àqueles que os criticam. Por mais utópico que possa parecer, ainda espero o momento em que nossos governantes assumirão seus erros e, verdadeiramente, modificarão sua postura para que tais coisas não mais aconteçam.
Desculpem, mais uma vez pelo desabafo, mas precisava falar.
Amanhã eu volto com Literatura, vida, lugar de imaginação correto, ali sim podemos, com a liberdade que a linguagem nos dá, imaginarmos as coisas como elas deveriam ser, e não como são.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM e a vergonha nacional...

Hoje, decidi falar um tiquinho acerca da vergonha dos últimos dias: o ENEM. Essa vontade súbita de me expressar acerca de um assunto praticamente político explica-se. Me senti traído por ter vendido, a todos, um produto falido e falso, que me fez lembrar de tantos outros.
Durante esse ano, fomos motivados, com razão, a convencer nossos alunos de terceiro ano a investirem tempo no ENEM, que prometia ser um exame sério e confiável. Usamos o ENEM como motivação para os próprios professores, para as escolas que usam dele, agora, como uma propaganda absolutamente positiva. Depois de tanto esforço, percebi o quanto desperdicei meu tempo e o de vocês com esse assunto. Não quero nem entrar no mérito da "dificuldade" da prova, pois acerca disso, já me convenci da necessidade de ser assim, mas quero falar da trapalhada, e porque não dizer de mais uma delas, de nosso querido governo. Nosso porque sou brasileiro com orgulho e estou sob o "comando", ainda que desgovernado, daquele que não foi eleito por mim.
Acreditava eu, depois do escândalo do ano passado, que nosso governo não teria a "ingenuidade", com muita ironia mesmo, de deixar que o exame fosse, novamente, um fiasco. Enganei-me completamente. Acreditava eu que, depois de tudo o que aconteceu, fôssemos ter um exame sério, controlado, averiguado e revisado. Me enganei mais uma vez. Culpar a gráfica pelos erros é fácil, afinal de contas, a gráfica foi escolhida sozinha, não pelos nossos digníssimos dirigentes. Dizer que o ENEM foi perfeito é fácil, quando se está em terras distantes. O que será que é perfeito? A mesma perfeição do ENEM aplica-se ao governo que agora termina e que, para alegria geral, teve "continuidade".
Acho que passou da hora de pensarmos seriamente sobre o que escolhemos. Mais do que isso, agora que Inês é morta, precisamos ter a noção de que não somos palhaços e muito menos burros para acreditarmos em qualquer coisa. Acho que nunca me posicionei politicamente nesse blog, até pq ele pretende atender a uma necessidade minha pela Literatura, mas me senti usado (e isso pode parecer exagerado), me senti como um vendedor de mentiras, quando busco vender a verdade.
Sei lá, precisava desabafar.
Preciso, acredito eu, olhar o mundo com os olhos de Pessoa, ou com os olhos de Clarice, ou, ainda, com os olhos de Guimarães...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Por uma boa causa... GUIMARÃES ROSA

Galera,
Desculpe a era que levei pra postar algo de novo, mas a correria de três escolas, mais a UnB, mais a vida, me deixaram completamente louco e sem tempo! Hoje, decidi escrever um pequeno Texto para os meus queridos alunos da GUIMARÃES ROSA, que amanhã terminam sua jornada regular neste negócio chamado Ensino Médio. Todos podem ler, é claro, mas escrevo para eles, pois não tive o prazer de estar com eles nesses momentos finais/iniciais da vida:

"Minhas queridas crianças,
Começo chamando vocês de crianças, pois vocês para sempre estarão em minha vida e em meu coração, como crianças lindas e mais queridas. Este ano não pude estar com vocês por uma série de conjunturas que não vêm ao caso. Mas nem por isso, deixei de pensar em vocês e em torcer por vocês em cada minuto. Eu costumo dizer que aprendo muito mais com vocês do que vocês poderiam aprender comigo.
Nesta caminhada de dois anos como meus alunos e de um ano de órfãos, aprendi que a saudade que aperta o peito deve ser usada para aumentar ainda mais o amor que sentimos. Ver vocês terminando essa pequena etapa que é o Ensino Médio é gratificante por demais, por saber que vocês estão no caminho certo que eu, na minha pequenez, ajudei a trilhar. Muitas coisas deveriam ser ditas a vocês, meninos. Muitas delas, clichês os mais previsíveis possíveis. Mas de uma coisa eu tenho certeza: vocês me ajudaram a ser que sou hoje e, mais do que isso, me ajudaram a perceber o quanto a relação entre professor e alunos pode ser saudável e prazerosa.
Olhar para vocês, agora eu não posso, mas sei que estou com vocês nos corações e nas mentes. Sei que carrego vocês no meu coração, que tá apertadinho de ver mais uma das minhas ninhadas alçar voo e subir, pois o destino de vocês é o mais alto, o mais perfeito que Deus poderia desenhar.
Amanhã, vocês terminam o melhor dos tempos, aquele que nunca sairá da cabeça de vocês e nem da minha. Amanhã, é dia de lembrar quando vcs fizeram aquela carta enorme e aquelas homenagens todas para mim. Amanhã é dia de lembrar que vocês confiaram em mim tanto tempo e eu, espero que sim, cumpri o dever que me foi delegado.
Eu só queria dizer que amanhã, estarei com vcs no coração, como sempre, levando-os para todos os cantos e torcendo para que vocês continuem como são, na essência, ainda que mudando aquilo que precisa ser mudado do meio pra fora.
Não citarei nomes, para não ser injusto, mas digo uma coisa: AMO TODOS VCS!

Um beijão,

Wagner

PS: Pra mim, vcs sempre serão a Guimarães Rosa"

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dois dias seguidos?

Decidi postar dois dias seguidos. Hehehehehehe...
Isso porque assistimos, hoje, à entrevista da Clarice, na qual ela diz estar morta. Ao ve-la, percebi o quanto aquela mulher era louca e escrevia com o coração... Me chama sempre a atenção ouvi-la dizer que ao escrever para adultos, ela entrava em contato com o mais profundo dela mesma. Issome despertou a vontade de entender o que seria esse buacar em si o mais profundo. Será que somos iguais? Será que aquilo que habita nosso ser é o bastante para que não desistamos de viver e de buscar o que nao compreendemos? Só sei que preciso pensar... E ler Clarice, e pensar mais um pouco....

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Clarice.... Sempre Clarice....

Antes que a última postagem complete um mês, decidi dar uma postadinha rápida, entre uma revisão de texto e outra. Nessas duas últimas semanas, comecei a trabalhar, com os meninos do terceiro ano, uma de minhas autoras prediletas: Clarice Lispector. O que dizer sobre esta escritora tão aclamada, quando tudo já foi dito e pouco nos resta a analisar?
Sei que posso dizer o que ler Clarice significa pra mim. Sei que posso dizer o que não compreender Clarice, ainda que compreendendo, pode significar pra mim. Olhar o mundo com o olhar de Clarice é tentar abarcá-lo em busca da compreensão, ainda que esta não venha. É perceber que perguntar, muitas vezes e, porque não dizer, sempre, é mais importante do que encontrar respostas. Foi com Clarice que eu percebi que, quando encontramos as respostas, paramos de nos preocupar com o que verdadeiramente importa: a pergunta. Foi com Clarice que compreendi que ao encontrar a felicidade, deixamos de ser felizes, pois feliz é aquele que motiva-se em buscar a felicidade. Foi com Clarice que eu compreendi que o íntimo é a parte mais importante do ser, mesmo que ele não seja belo ou que esteja tudo certo. Foi com Clarice que, resumindo, aprendi que viver ultrapassa qualquer compreensão.
Uma de minhas maiores alegrias ao lecionar Literatura é poder encontrar, na própria Literatura, o sentido de tudo, a explicação de tudo, ainda que essa explicação resulte na falta de explicação. É por meio da Literatura que compreendemos que a vida pode ser muito... muito o quê? Não sei, desisti de compreender. Desisti de procurar nas grandes respostas a resposta e decidi olhar para o mínimo, olhar cada momento como se fosse uma epifania e perceber que o mundo tem muito mais a oferecer a quem questiona, do que a quem responde.
Divaguei bastante, mas o que é entender Clarice, se não um eterno divagar?
Pra finalizar, um videozinho com alguns trechos dela... Clarice Lispector....


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pra comemorar o aniversário de um mês do último post...

Égua Doido....
Faz exatamente um mês que fiz meu último post neste blog jogado às aranhas, com teias e tudo o mais.
Tanto tempo se passou e tantas coisas aconteceram nesse último mês que nem sei por onde começar. Na verdade, sei que não devo, de maneira nenhuma, prometer novamente postar com regularidade no blog, pois percebi que não adianta prometer, nunca cumpro mesmo, hehehehe...
Vou começar de bem pertinho, de domingo agora. Fui ao show do Stomp, um grupo de percussão não sei de onde, mas que vale demais da conta. Se tiverem a oportunidade, vejam alguns vídeos no Youtube e me digam o que acham. Percebi que os tais "Stompianos" conseguem fazer som a partir de qqr coisa, de uma vassoura a um isqueiro (E de esqueiro, pra lembrar a Carla Perez) Zippo, fato que me chamou ainda mais a atenção. Em tempos de defesa complexa da natureza, com discursos por todos os lados, vale ressaltar que eles usam muita sucata na hora de fazer o som. Claro que isso não significa que eles estão contribuindo consideravelmente pela diminuição do lixo no mundo, mas é mais uma amostra do que é possível ser feito com o lixo. Enfim, coisas de uma cabeça cansada.
Além disso, nesses dias tem chamado a minha atenção, a campanha política. Creiam-me, estou ouvindo constantemente o programa eleitoral gratuito, pq o som do meu carro é muito baitola e qqr buraco o CD pula, então, resta-me somente o bom e velho rádio. Tipo assim, bruxão, tem uma coisa que eu não consigo entender durante essa campanha. Praticamente todas as coligações de Brasília são "Times da mudança". Roriz propondo-se a ser mudança, Agnelo propondo-se ao mesmo. Sei que muita coisa precisa ser mudada, mas será que essa repetição de slogans não complica mais que esclarece? Sei lá... Divagações de um homem cansado. Além disso, descobri hoje que o Roriz propõe aproximadamente 7 novas bolsas. Dessas, a que mais me chamou a atenção é a tal da bolsa concurso. Realmente algo importantíssimo.
Pois bem, pra finalizar, coloco o clipe do Stomp no número dos Zippos.....



sábado, 14 de agosto de 2010

Eita demora.... Vinícius para voltar em grande estilo

Povo querido, demorei, mas voltei...
Tantas coisas a comentar nesses dias e tão pouco tempo para isso. O tempo está passando acelerado esse ano, e eu tô perdido, hehehehe... Tantas coisas pra fazer, tantas bocas a alimentar (menitra, só a minha mesmo), mas, felizmente, lembrei que tenho um blog e que é bom atualizá-lo.
Nem sei se prometo de novo atualizá-lo mais, mas que pelo menos vou tentar, vou. Hoje, vou partilhar alguns poeminhas do Vinícius com vocês. É impressionante como esse caboclo, o "negro mais branco do Brasil", conseguia colocar, no papel, aquilo que temos dentro de nossas cabeças. O amor que gera, ao mesmo tempo, alegrias e tristezas, mas tristezas que são compensadas pelo tempo em que estamos amando. Cheio de artimanhas esse rapazinho!
Amar independente do próprio amor, amar simplesmente pelo fato de ter o coração ocupado! Que bonito isso, hehehehe... Melodramático, eu? De maneira nenhuma. Queria mesmo era ter um tico da visão amorosa que ele tinha. Queria era poder dizer o que ele disse, sem que houvesse qualquer coisa a me impedir. Pois bem, hoje, volto com Vinícius, o poetinha, o poeta do amor maior...


Soneto da Separação


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

(Vinicius de Moraes)


Soneto do Amor como um Rio


Este infinito amor que um ano faz
Que é maior do que o tempo e do que tudo
Este amor que é real, e que, contudo,
Eu já não cria que existisse mais.

Este amor que surgiu insuspeitado
E que dentro do drama fez-se em paz
Este amor que é o túmulo onde jaz
Meu corpo para sempre sepultado.


Este amor meu é como um rio; um rio
Noturno, interminável e tardio
A deslizar macio pelo ermo

E que em seu curso sideral me leva
Iluminado de paixão na treva
Para o espaço sem fim de um mar sem termo.

(Vinicius de Moraes)

domingo, 25 de julho de 2010

Enquanto a sopa ferve, balanço das férias...

Bom, queridos 2 leitores do meu blog. Acredito que são dois, talvez porque eu seja bipolar e leia o blog duas vezes. Hoje estou aqui para decretar que as férias de julho, tão aguardadas e desejadas, chegaram ao fim. Não havia nem comentado que elas tinham começado, mas decreto o dim da mesma forma. Acabaram as dormidas até as horas que os olhos abrem, acabaram as farras fora do lugar. Mas acho que estas férias merecem um balanço geral, para sabermos o que verdadeiramente aconteceu.
Pra mim, as férias foram bastante produtivas, não somente por conta da UnB que não para nunca, mas também porque consegui colocar em dia algumas coisas (ainda faltam outras milhares). Nestes 15 dias, fiquei mais velho, e a depressão não conseguiu se apossar completamente de mim, afundei-me nos estudiosos russos, tanto no que diz respeito à Literatura, com seu "vermelho" Bakhtin, quanto na Linguística, com os doidões (além do Mattosão, claro). Além disso, descobri, em um determinado momento, que estava ficando mais inteligente por isso, mas descobri que, quanto mais estudo, mais eu preciso estudar... Que droga... Nem guento mais, mas quero é mais.... Ah sim, claro, rolaram altas farritas, massas, diga-se de passagem, mas acho que é isso.
Em homenagem às aulas que retornam amanhã, coloco uma música do grande, enorme Vinícius de Moraes, cantada, claro, por Bethânia. É um samba que propõe o que penso pra esse tempo que temos pela frente: Samba da benção.

Beijos e abraços.


domingo, 18 de julho de 2010

Voltei...

Bom, em ritmo de férias, deixei de postar muito, hahahahaha....
Mas tudo é perdoado durante as férias e por isso me perdoo... Hoje, vou falar um pouco mais do que nos outros dias, ou melhor, vou dar algumas opniões acerca de dois filmes que vi agora durante as férias. O primeiro, na verdade, é um documentário chamado "Senhor, salvai-nos dos teus seguidores", de um cara que eu não lembro o nome. Encontrei esse filme por acaso e decidi assisti-lo. Doce surpresa. O documentário foi feito por um cristão americano que decidiu analisar, por incrível que pareça, de maneira um pouco mais afastada, a situação de perseguição dos cristãos e, mais ainda, a que os próprios cristãos fazem. Tema bastante complexo e, definitivamente, difícil de ser debatido. O que mais me chamou a atenção foi o olhar dual do documentário, que buscou ver os dois lados da coisa. É bem interessante perceber que o documentarista discutiu exatamente a falta de diálogo entre todos. Vale conferir.
O segundo filme é o Invictus, que com certeza todos já ouviram falar. Apesar da visão bem americana de quase canonização de Mandela, vale a pena assistir, pois percebemos algumas mudanças e posturas importantes dentre os personagens. Além disso, vale o poema vitoriano, de Henley... Coloco-o abaixo, para que continuemos Literariamente vendo a vida...

Abraços

Invictus



Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Eu disse que voltava...

Eu disse que voltava e aqui estou eu...
Agora, tava ouvindo umas musiquinhas boas, com a Bethânia e decidi partilhar...
Seguem as duas...




Preciso mesmo me lembrar que tenho um blog.....

Preciso mesmo lembrar que tenho um blog!
Hoje, passado o famoso "Inferno Astral", no qual eu deposito pouca fé, mas reconheço que ele, em alguma quantidade exista, venho colocar um post rapidinho, me comprometendo a, pelo menos nas férias, dar uma atualizadinha por dia. Sei que a correria da UnB me deixará meio grogue, mas topo o desafio. Ontem, como muitos sabem, ou não, foi o meu aniversário, né? Dias e mais dias de comemorações, e o 3.2 chegou avassalador... Mas estou me dando bem com ele. Ouvindo um cd que ganhei, lendo um livro também ganho... Coisas boas.
Mas o melhor de tudo, foi conseguir juntar uma galerinha massa nos três dias do Wagner Fest Folia, como decidiram apelidar a minha sede por comemorar o incomemorável, se é que essa palavra existe. Depois de muita comilança e bebelança, essa eu sei que existe, fechei meu aniversário em meio aos amigos. Que coisa boa essa. Por isso, com minha inspiração Literária pulsante por culpa de minha orientadora, venho com um poeminha de Vinícius, o primeiro abaixo, e outro de Machado de Assis, bom pelo menos contam que é dele, em homenagem aos meus amigos...

Abraço


Soneto do amigo


Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


BONS AMIGOS



Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!


Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

sábado, 3 de julho de 2010

Tenho que lembrar que tenho um blog...

Pois é, eu sempre tenho que me lembrar que eu tenho um blog. Lembrar-me disso significa atualizá-lo com uma certa frequência, não é? Pois bem, em meio à correria, encontrei mais um tempinho pra isso. Tirado do meio da leitura pela Copa do Mundo, que ontem muito me entristeceu, decidi sentar-me ao computador e escrever um pouquinho.
Enquanto minha mente vagava pelo que deveria eu escrever, lembrei-me de que, daqui uma semana, ou um tiquinho a mais, é meu aniversário. Nunca acreditei nessa história de Inferno Astral antes de um aniversário, mas essa semana foi, verdadeiramente, infernal, hehehehe... Como diria minha mãe, "Infernal não, filho, abençoada"... Coisas de mamãe. Pois bem, não sei ao certo se é infernal ou não, mas sei que estou, mais uma vez, no meio da crise do aniversário. Fazer 32 anos é muito complicado, pois parece que foi ontem que eu fiz 18, uai. Apesar do corpinho de 31, sempre que esse tal aniversário se aproxima, sou levado a pensar em muitas coisas. O que fiz, o que não fiz e o que deveria ser feito.
Mais uma vez, apelei para o meu querido Drummond e pensei que, talve, ele pudesse me ajudar a entender melhor essa história de completar anos. Sempre a tal da Literatura tentando me ajudar a compreender o que é a vida, ou simplesmente buscando me dar mais no que pensar. Fui atrás e encontrei esse poeminha que seguirá abaixo. O que poderia eu dizer depois de lê-lo? Acho que mais nada... Pois bem... Essa semana, acho que estarei com esse tema em mente: meu aniversário. Não sei se comemorarei ou não... Sei que estarei lá, no dia 12, completando 32.... Aiai... Que coisa essa...
Ainda hoje, é capaz de eu pensar em mais alguma coisa pra postar... Ou não, sabe-se lá, não é?


Poema de Aniversário


Procurei no dicionário,
Com paciência e cuidado,
O real significado
Da palavra aniversário.
Aquele livro pesado,
Mestre dos visionários,
"Pai dos burros" batizado,
Pareceu-me sectário,
Ao responder meu chamado.
Deveras decepcionado,
Joguei o meu dicionário
Na estante, empoeirado,
Para pregar, solitário,
O meu significado
Da palavra aniversário.
Diz assim, o verbete lendário,
Ontem, por mim criado:
"Aniversário: Espécie de relicário,
Muitíssimo bem guardado
Nas folhas do meu diário,
Dos versos que eu escrevi,
Com todo amor, e não li,
Durante o ano passado."

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crônica.... Veríssimo....

Eita que eu demorei outra pá de tempo pra atualizar esse blog, não é? Pois então, no meio da correria de final de semestre nas escolas e a UnB bombante, arrumei esse tempinho pra dar uma pequena atualizada no blog. Hoje, escolhi uma crônica do grande Veríssimo, meu autor de crônicas contemporâneas predileto. Hoje, toda crônica precisa, para ser bem aceita pelo público, conter humor. E é isso que faz do Veríssimo o cara que ele é.
Como toda crônica pra ser crônica, fala sempre sobre o cotidiano, parte de um pequeno acontecimento corriqueiro (isso é o cotidiano) e, dali, sai o que sai. No mundo corrido nosso de cada dia, com cada vez menos tempo pra "perder" com a Leitura (que eu nunca, jamais, em tempo algum considero perda de tempo), os textos curtos vêm ganhando espaço cada dia maior. Hoje, poucos se perdem nas muitas páginas do livro, enfiando-se, até o pescoço, na leitura.
Tá bom, tá bom, sempre existem os leitores dos vampirescos, dos "semi-deuses" modernos e do bruxo de Hogwarts (nesse último me incluo completamente), mas como diz o povo "AFORA ISSO", não há tantos leitores empolgados quanto antes. Mas, c'est la vie...


CASAL É TUDO IGUAL (Luis Fernando Veríssimo) 


Ele: – Alô?
Ela: – Pronto.
Ele: – Voz estranha… Gripada?
Ela: – Faringite.
Ele: – Deve ser o sereno. No mínimo tá saindo todas as noites pra badalar.
Ela: – E se estivesse? Algum problema?
Ele: – Não, imagina! Agora, você é uma mulher livre.
Ela: – E você? Sua voz também está diferente. Faringite?
Ele: – Constipado.
Ela: – Constipado? Você nunca usou esta palavra na vida.
Ele: – A gente aprende.
Ela: – Tá vendo? A separação serviu para alguma coisa.
Ele: – Viver sozinho é bom. A gente cresce.
Ela: – Você sempre viveu sozinho. Até quando casado só fez o que quis.
Ele: – Maldade sua, pois deixei de lado várias coisas quando a gente se casou.
Ela: – Evidente! Só faltava você continuar rebolando nas discotecas com as amigas.
Ele: – Já você não abriu mão de nada. Não deixou de ver novela, passear no shopping, comprar jóias, conversar ao telefone com as amigas durante horas…
… Silêncio ….
Ela: – Comprar jóias? De onde você tirou essa idéia? A única coisa que comprei em quinze anos de casamento foi um par de brincos.
Ele: – Quinze anos? Pensei que fosse bem menos.
Ela: – A memória dos homens é um caso de polícia!
Ele: – Mas conversar com as amigas no telefone…
Ela: – Solidão, meu caro, cansaço… Trabalhar fora, cuidar das crianças e ainda preparar o jantar para o HERÓI que chega à noite…Convenhamos, não chega a ser uma roda-gigante de emoções…
Ele: – Você nunca reclamou disso.
Ela: – E você me perguntou alguma vez?
Ele: – Lá vem você de novo… As poucas coisas que eu achava que estavam certas… Isso também era errado!?
Ela – Evidente, a gente não conversava nunca…
Ele: – Faltou diálogo, é isso? Na hora, ninguém fala nada. Aparece um impasse e as mulheres não reclamam. Depois, dizem que faltou diálogo. As mulheres são de Marte.
Ela: – E vocês são de Saturno!
…Silêncio…
Ele: – E aí, como vai a vida?
Ela: – Nunca estive tão bem. Livre para pensar, ninguém pra me dizer o que devo fazer…
Ele: – E isso é bom?
Ela: – Pense o que quiser, mas quinze anos de jornada são de enlouquecer qualquer uma.
Ele: – Eu nunca fui autor itário!
Ela: – Também nunca foi compreensivo!
Ele: – Jamais dei a entender que era perfeito. Tenho minhas limitações como qualquer mortal..
Ela: – Limitado e omisso como qualquer mortal.
Ele: – Você nunca foi irônica.
Ela: – Isso a gente aprende também.
Ele: – Eu sempre te apoiei.
Ela: – Lógico. Se não me engano foi no segundo mês de casamento que você lavou a única louça da tua vida. Um apoio inestimável…Sinceramente, eu não sei o que faria sem você. Ou você acha que fazer vinte caipirinhas numa tarde para um bando de marmanjos que assistem ao jogo da Copa do Mundo era realmente o meu grande objetivo na vida?
Ele: – Do que você está falando?
Ela: – Ah, não lembra?
Ele: – Ana, eu detesto futebol.
Ela: – Ana!? Esqueceu meu nome também? Alexandre, você ficou louco?
Ele: – Alexandre? Meu nome é Ronaldo!
…Silêncio…
Ele: – De onde está falando?
Ela: – 578 9922
Ele: – Não é o 579 9222?
Ela: – Não.
Ele: – Ah, desculpe, foi engano.
Depois de um tempo ambos caem na gargalhada.
Ele: – Quer dizer que você faz uma ótima caipirinha, hein?
Ela: – Modéstia à parte… Mas não gosto, prefiro vinho tinto.
Ele: – Mesmo? Vinho é a minha bebida preferida!
Ela: – E detesta futebol?
Ele: – Deus me livre… 22 caras correndo atrás de uma bola… Acho ridículo!
Ela: – Bem, você me dá licença, mas eu vou preparar o jantar.
Ele: – Que pena… O meu já está pronto. Risoto, minha especialidade!
Ela: – Mentira! É o meu prato predileto…
Ele: – Mesmo! Bem, a porção dá pra dois, e estou abrindo um Chianti também.Você não gostaria de…
Ela: – Adoraria!
….Ele dá o endereço.
Ela: – Nossa, tão pertinho! São dois quarteirões daqui.
Ele: – Então? É pegar ou largar.
Ela: – Tô passando aí, Ronaldo.
Ele: – Combinado, vizinha.

sábado, 19 de junho de 2010

Aniversário dele... Chico Buarque de Holanda

Hoje é o aniversário do grande Chico Buarque. Sou até suspeito para falar dele, pois é, sem dúvida, o mau compositor predileto, além de, na minha opinião, um autor de mão cheia. Importantíssimo ao contar, por meio de suas músicas, a nossa história mais negra, a da Ditadura, ainda consegue, como poucos, captar o sentimento feminino ao escrever inúmeras músicas cujo eu lírico é feminino.
Ele, com certeza, recebe muitas críticas por não ter uma voz excelente, perfeita e marcante, mas mesmo assim, consegue cantar como poucos. Em uma sociedade marcada por sertanejos, axezeiros e funkeiros, precisamos valorizar o trabalho de alguém que trata tão bem a palavra. Só pra constar, eu acho que todos têm o direito de gostar de Sertanejo, Axé e Funk, sem problema algum.
Com vocês, Chico, por Chico, por Bethânia, por quem quer que seja, Chico:






sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Flor Mais Grande do Mundo - José Saramago

Abaixo, vídeo baseado na obra de José Saramago, com narração, se não me engano muito, do próprio Saramago. Sei dizer a vocês, poucos que me visitam aqui, que a Literatura está de Luto, luto com L maiúsculo de Literatura.

Saramago - A morte de um mestre

Hoje, o Post é um tanto quanto triste, pois a Literatura perdeu, no dia de hoje, um de seus nomes mais importantes: José Saramago. Sem querer fazer um trocadilho daqueles mais previsíveis, Saramago era um verdadeiro Mago da Literatura, pelo menos em Língua Portuguesa. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, o mesmo que não conseguiu, nunca, nenhum brasileiro ganhar, é tido como um dos melhores escritores Portugueses de todos os tempos.
Tímido ao extremo, via na Literatura a forma de libertar-se e colocar, ao mundo, aquilo que acreditava e via. E não era pouca coisa: dono de uma cabeça extremamente iluminada, utilizava-se da Lígnua Portuguesa de maneira magistral. Não pretendo, de maneira nenhuma, analisá-lo, pois mais importante que isso, é ver a importância e a grandeza de sua obra. Entre as mais conhecidas, merece destaque o livro "Ensaio sobre a cegueira", que teve uma adaptação cinematográfica das melhores. Abaixo, segue o final do Livro, transcrito após ser lido exaustivamente por mim, desde os idos de 1996...

"(...) Vai ficar cego, Não, logo que a vida estiver normalizada, que tudo comece a funcionar, opero-o, será uma questão de semanas, Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhcer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.
A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de lixo, para as pessoas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A cidade ainda ali estava."


quinta-feira, 17 de junho de 2010

Depois de um longo e tenebroso inverno...

Caramba...
Como quando a gente tem tempo livre, mais coisas aparecem para ocupar esse tempo, não é? Assim está acontecendo comigo. Tenho que me reacostumar a atualizar esse blog com maior frequência. Na correria, eu esqueço e corro mais. Prometo tentar atualizá-lo sempre.
Hoje, acordei com um espírito Quintânico (adoro neologismos). Autor que, temporalmente, começa a escrever na Segunda Geração do Modernismo, pra mim, ultrapassa as classificações e os reducionismos. Eu costumo dizer que ele é muito semelhante ao Drummond, com uma diferença básica: Quintana mostra a ferida e deixa que ela doa devagarinho, com seus temas cotidianos, enquanto o Drummi (intimidade é flórida), mete o dedo na ferida e ainda joga uma água oxigenada.
Então, nesse espírito simples, sem ser simplista, seguem alguns poeminhas do Quintana:

POEMINHO DO CONTRA (Clássico, com uma das melhores frases de nossa Literatura)

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!


BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.


SIMULTANEIDADE

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.


AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


Então, por hoje é isso... Espero que gostem e prometo que, no mais tardar amanhã à noite, teremos novos posts.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Alberto Caeiro, na voz de Bethânia

Depois de mais um tempo, longo sem postar nada, voltei à ativa...
Na volta, algumas coisas. A primeira, mais um post de Fernando Pessoa, agora com Caeiro. Na voz de Bethânia, a enorme Maria Bethânia. No meio, de lambuja, ainda falando um tiquinho. Dando umas ideias sobre a religiosidade. Fernando Pessoa é complicado? Sim, mas somente para aqueles que não querem se perder no que ele diz. Sim, mas só para aqueles que não querem se entregar, de corpo e alma, no que diz o poeta.

sábado, 5 de junho de 2010

Mais uma do Bandeira...

Aproveitando que Brasília, com esse climinha, proporciona uma excelente época para as Festas Juninas, posto mais um texto de Manuel Bandeira. Autor dos meus prediletos, como a maioria sabe, merece espaço amplo, total. É impressionante a maneira como, neste poema, ele consegue falar da morte, de maneira tão bela, tão singela, eu diria...

Profundamente


Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

(Manuel Bandeira)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Tenho que quebrar essa seriedade toda....

Galera, pra fechar a noite de postagens, um videozinho que eu gosto demais da conta.... Ariano Suassuna é uma das maiores figuras da cultura brasileira. Esse "funk" como diz Ariano é demais pra mim...

A Literatura, a Música e a Guerra...

Falar sobre Segunda Geração é falar sobre a Literatura que traduz a vida em meio a uma guerra horrível, desumana. Matar porque não comungam da mesma opinião. Matar porque têm uma etnia diferente. Matar porque isso dá prazer. Precisamos pensar, ver no outro o nosso igual, por mais diferente que este seja. Nossa semelhança, como seres humanos, esté exatamente na diferença. Por sermos diferentes é que somos iguais. Por sermos diferentes é que somos interessantes. Pra vocês, hoje, Drummond em minha fase predileta e, claro, Vinícius, o eterno Poetinha (poeta maior) eternizado na voz de tantos, agora na voz dos pequeninos.

Sentimento do Mundo
(Carlos Drummond de Andrade)

Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem e o corpo transige
na confluência do amor.
Quando me levantar, o céu estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto, morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram que havia uma guerra
e era necessário trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso, anterior a fronteiras,
humildemente vos peço que me perdoeis.
Quando os corpos passarem, eu ficarei sozinho
desafiando a recordação do sineiro,
da viúva e do microscopista que habitavam a barraca
e não foram encontrados ao amanhecer
esse amanhecer mais que a noite.

Vinícius na voz das crianças

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Manuel Bandeira

Ando tão "Bandeiriano" nos últimos tempos. A cada vez que preciso falar sobre ele em sala, minha memória volta para o primeiro contato, para a genialidade do cotidiano. Autor que fala tanto em tão pouco.... Autor que transforma tudo em poesia, que vive para ela e nela....



Poesia do Cotidiano...

Em mais uma das postagens tão esparsas, como não falar de outro poeta do cotidiano que vive no nosso cotidiano. Mestre em lidar com as palavras, Fernando Anitelli consegue aproximar, mais uma vez, as pequenas coisas daquilo que verdadeiramente nos importa.
Lida com as palavras de forma a torná-las mais fáceis, brinca com a Língua Portuguesa como quem brinca com uma pequena bola, quando criança.
Sou até suspeito em falar dele, afinal de contas, há anos que suas letras estão em meu cotidiano...

Chico....

Depois de um tempinho, volto a atualizar o Blog.
A correria do dia-a-dia impediu-me de atualizá-lo antes, por isso, vou postar uma musiquinha bem interessante do Chico Buarque. Compositor fantástico, trabalha com genialidade com os eu líricos femininos. Como isso lembra o Trovadorismo. A Literatura, no caso a música (que eu considero tão literária quando é de qualidade), mostra-se mais uma vez como uma possibilidade fantástica de criação de mundos, de revisão de mundos.
E falar de Chico é chover no molhado, né? Autor de uma genialidade e inteligência incomparáveis, descreve o sofrimento de uma mulher por seu amado... Vamos ler... Ler é tão importante, quando se trata de Chico, quanto ouvir:

Tatuagem

(Chico Buarque e Ruy Guerra)

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...

E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...

Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...

E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...

Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...

Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um pouco de Fernando Pessoa


(Fotinho do Túmulo de Pessoa)

Uma de minhas maiores surpresas, ao adentrar o Convento dos Jerônimos, em Lisboa, foi descobrir que ali estava enterrado o grande, imenso (como preferem os portugas), Fernando Pessoa. Poeta, infelizmente não estudado por nossos estudantes de Ensino Médio, traz na poesia, uma necessidade de viver e expressar-se que não podia caber somente em si, tanto que criou outros poetas, seus heterônimos, que compartilham com ele a visão literária da vida. De uma densidade enorme, escreveu versos como os encontrados abaixo, de um lirismo absoluto e puro. Deleitem-se:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

domingo, 23 de maio de 2010

Manuel Bandeira

Não poderia faltar, também, a minha poesia predileta. Como já comentei com vocês várias vezes, tenho uma "veia" quase que exclusivamente prosista, sendo poucas as poesias que me tiram do sério, como acontece com esta. A visão de um mundo que não é perfeito às vistas de todos, mas é perfeito para quem escreve, marca "Vou-me embora pra Pasárgada". Bandeira não quer criar um lugar onde todos sintam-se bem, mas sim onde ele se sinta bem. Essa é a ideia. Todos temos as nossas Pasárgadas, todos temos as nossas Mães d'água...
Aproveitem


Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

(Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90)

Poesia Palaciana - Humanismo - Primeiro Ano

Pois então. Durante nossas aulas de Literatura do Primeiro Ano, vimos que o período Humanista, de origem portuguesa, é um período de transição entre o Trovadorismo e o Renascimento. Como todo período de transição, guardam-se características dos dois períodos, no caso, do Trovadorismo, com sua Coyta Amorosa e do Renascimento, com o pensamento centrado no homem.
Coloco para vocês, dois exemplos da Poesia Palaciana, que fez parte do Humanismo e que é marcante, principalmente, pela modificação estética, pois poesia e música finalmente separam-se:

Esparsa

Cerra a serpente os ouvidos
à voz do encantador;
eu nam, e agora com dor
quero perder meus sentidos.
Os que mais sabem do mar
fogem d' ouvir as sereas;
eu não me soube guardar:
fui-vos ouvir nomear,
fiz minh' alma e vida alheas.

(Dr. Francisco de Sá de Miranda. In: Rodrigues Lapa. As melhores poesias do Cancioneiro de Resende. São Paulo: Gráfica Lisbonense, 1939. p.20.)

Para mim tanto me monta
ser presente com’ ausente;
tudo vem a ũa conta,
porém mal por quem o sente!

Esta conta tenho feita,
e fizeram-ma fazer
com saber
que nada nam aproveita.
Assi que tanto me monta
ser presente com’ ausente:
tudo vem a ũa conta,
porém mal por quem no sente!

(Simão da Silveira. In: Rodrigues Lapa. As melhores poesias do Cancioneiro de Resende. São Paulo: Gráfica Lisbonense, 1939. p. 27.)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bem vindos!

Meninos, como prometido, estou criando o Blog no qual postarei textos, vídeos e imagens interessantes, além, é claro, de colocar as respostas de nossos exercícios.
Pedir que comentem num Blog é chato, mas como dou qualitativo, hehehehehe, nem preciso pedir, né?

Sejam Bem Vindos....