segunda-feira, 31 de maio de 2010

Manuel Bandeira

Ando tão "Bandeiriano" nos últimos tempos. A cada vez que preciso falar sobre ele em sala, minha memória volta para o primeiro contato, para a genialidade do cotidiano. Autor que fala tanto em tão pouco.... Autor que transforma tudo em poesia, que vive para ela e nela....



Poesia do Cotidiano...

Em mais uma das postagens tão esparsas, como não falar de outro poeta do cotidiano que vive no nosso cotidiano. Mestre em lidar com as palavras, Fernando Anitelli consegue aproximar, mais uma vez, as pequenas coisas daquilo que verdadeiramente nos importa.
Lida com as palavras de forma a torná-las mais fáceis, brinca com a Língua Portuguesa como quem brinca com uma pequena bola, quando criança.
Sou até suspeito em falar dele, afinal de contas, há anos que suas letras estão em meu cotidiano...

Chico....

Depois de um tempinho, volto a atualizar o Blog.
A correria do dia-a-dia impediu-me de atualizá-lo antes, por isso, vou postar uma musiquinha bem interessante do Chico Buarque. Compositor fantástico, trabalha com genialidade com os eu líricos femininos. Como isso lembra o Trovadorismo. A Literatura, no caso a música (que eu considero tão literária quando é de qualidade), mostra-se mais uma vez como uma possibilidade fantástica de criação de mundos, de revisão de mundos.
E falar de Chico é chover no molhado, né? Autor de uma genialidade e inteligência incomparáveis, descreve o sofrimento de uma mulher por seu amado... Vamos ler... Ler é tão importante, quando se trata de Chico, quanto ouvir:

Tatuagem

(Chico Buarque e Ruy Guerra)

Quero ficar no teu corpo
Feito tatuagem
Que é prá te dar coragem
Prá seguir viagem
Quando a noite vem...

E também prá me perpetuar
Em tua escrava
Que você pega, esfrega
Nega, mas não lava...

Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...

E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço...

Quero pesar feito cruz
Nas tuas costas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem...

Quero ser a cicatriz
Risonha e corrosiva
Marcada a frio
Ferro e fogo
Em carne viva...

Corações de mãe, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam
O corpo todo
Mas não sentes...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um pouco de Fernando Pessoa


(Fotinho do Túmulo de Pessoa)

Uma de minhas maiores surpresas, ao adentrar o Convento dos Jerônimos, em Lisboa, foi descobrir que ali estava enterrado o grande, imenso (como preferem os portugas), Fernando Pessoa. Poeta, infelizmente não estudado por nossos estudantes de Ensino Médio, traz na poesia, uma necessidade de viver e expressar-se que não podia caber somente em si, tanto que criou outros poetas, seus heterônimos, que compartilham com ele a visão literária da vida. De uma densidade enorme, escreveu versos como os encontrados abaixo, de um lirismo absoluto e puro. Deleitem-se:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

domingo, 23 de maio de 2010

Manuel Bandeira

Não poderia faltar, também, a minha poesia predileta. Como já comentei com vocês várias vezes, tenho uma "veia" quase que exclusivamente prosista, sendo poucas as poesias que me tiram do sério, como acontece com esta. A visão de um mundo que não é perfeito às vistas de todos, mas é perfeito para quem escreve, marca "Vou-me embora pra Pasárgada". Bandeira não quer criar um lugar onde todos sintam-se bem, mas sim onde ele se sinta bem. Essa é a ideia. Todos temos as nossas Pasárgadas, todos temos as nossas Mães d'água...
Aproveitem


Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

(Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90)

Poesia Palaciana - Humanismo - Primeiro Ano

Pois então. Durante nossas aulas de Literatura do Primeiro Ano, vimos que o período Humanista, de origem portuguesa, é um período de transição entre o Trovadorismo e o Renascimento. Como todo período de transição, guardam-se características dos dois períodos, no caso, do Trovadorismo, com sua Coyta Amorosa e do Renascimento, com o pensamento centrado no homem.
Coloco para vocês, dois exemplos da Poesia Palaciana, que fez parte do Humanismo e que é marcante, principalmente, pela modificação estética, pois poesia e música finalmente separam-se:

Esparsa

Cerra a serpente os ouvidos
à voz do encantador;
eu nam, e agora com dor
quero perder meus sentidos.
Os que mais sabem do mar
fogem d' ouvir as sereas;
eu não me soube guardar:
fui-vos ouvir nomear,
fiz minh' alma e vida alheas.

(Dr. Francisco de Sá de Miranda. In: Rodrigues Lapa. As melhores poesias do Cancioneiro de Resende. São Paulo: Gráfica Lisbonense, 1939. p.20.)

Para mim tanto me monta
ser presente com’ ausente;
tudo vem a ũa conta,
porém mal por quem o sente!

Esta conta tenho feita,
e fizeram-ma fazer
com saber
que nada nam aproveita.
Assi que tanto me monta
ser presente com’ ausente:
tudo vem a ũa conta,
porém mal por quem no sente!

(Simão da Silveira. In: Rodrigues Lapa. As melhores poesias do Cancioneiro de Resende. São Paulo: Gráfica Lisbonense, 1939. p. 27.)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bem vindos!

Meninos, como prometido, estou criando o Blog no qual postarei textos, vídeos e imagens interessantes, além, é claro, de colocar as respostas de nossos exercícios.
Pedir que comentem num Blog é chato, mas como dou qualitativo, hehehehehe, nem preciso pedir, né?

Sejam Bem Vindos....