quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM e a vergonha nacional...

Hoje, decidi falar um tiquinho acerca da vergonha dos últimos dias: o ENEM. Essa vontade súbita de me expressar acerca de um assunto praticamente político explica-se. Me senti traído por ter vendido, a todos, um produto falido e falso, que me fez lembrar de tantos outros.
Durante esse ano, fomos motivados, com razão, a convencer nossos alunos de terceiro ano a investirem tempo no ENEM, que prometia ser um exame sério e confiável. Usamos o ENEM como motivação para os próprios professores, para as escolas que usam dele, agora, como uma propaganda absolutamente positiva. Depois de tanto esforço, percebi o quanto desperdicei meu tempo e o de vocês com esse assunto. Não quero nem entrar no mérito da "dificuldade" da prova, pois acerca disso, já me convenci da necessidade de ser assim, mas quero falar da trapalhada, e porque não dizer de mais uma delas, de nosso querido governo. Nosso porque sou brasileiro com orgulho e estou sob o "comando", ainda que desgovernado, daquele que não foi eleito por mim.
Acreditava eu, depois do escândalo do ano passado, que nosso governo não teria a "ingenuidade", com muita ironia mesmo, de deixar que o exame fosse, novamente, um fiasco. Enganei-me completamente. Acreditava eu que, depois de tudo o que aconteceu, fôssemos ter um exame sério, controlado, averiguado e revisado. Me enganei mais uma vez. Culpar a gráfica pelos erros é fácil, afinal de contas, a gráfica foi escolhida sozinha, não pelos nossos digníssimos dirigentes. Dizer que o ENEM foi perfeito é fácil, quando se está em terras distantes. O que será que é perfeito? A mesma perfeição do ENEM aplica-se ao governo que agora termina e que, para alegria geral, teve "continuidade".
Acho que passou da hora de pensarmos seriamente sobre o que escolhemos. Mais do que isso, agora que Inês é morta, precisamos ter a noção de que não somos palhaços e muito menos burros para acreditarmos em qualquer coisa. Acho que nunca me posicionei politicamente nesse blog, até pq ele pretende atender a uma necessidade minha pela Literatura, mas me senti usado (e isso pode parecer exagerado), me senti como um vendedor de mentiras, quando busco vender a verdade.
Sei lá, precisava desabafar.
Preciso, acredito eu, olhar o mundo com os olhos de Pessoa, ou com os olhos de Clarice, ou, ainda, com os olhos de Guimarães...

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