segunda-feira, 24 de maio de 2010

Um pouco de Fernando Pessoa


(Fotinho do Túmulo de Pessoa)

Uma de minhas maiores surpresas, ao adentrar o Convento dos Jerônimos, em Lisboa, foi descobrir que ali estava enterrado o grande, imenso (como preferem os portugas), Fernando Pessoa. Poeta, infelizmente não estudado por nossos estudantes de Ensino Médio, traz na poesia, uma necessidade de viver e expressar-se que não podia caber somente em si, tanto que criou outros poetas, seus heterônimos, que compartilham com ele a visão literária da vida. De uma densidade enorme, escreveu versos como os encontrados abaixo, de um lirismo absoluto e puro. Deleitem-se:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.



Não tenho ambições nem desejos.
Ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
...
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

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